Antes de detalhar o estudo, é importante explicar que o termo
insegurança alimentar vai desde a preocupação com a substituição de alimentos (por
aqueles mais baratos) e a falta propriamente dita. Também está
relacionada a hábitos e cultura e à inserção na sociedade de forma
aceitável pelas pessoas. A insegurança alimentar representa um desafio
para os gestores públicos e afeta principalmente de baixa renda. De
acordo com a Lei de Segurança Alimentar e Nutricional, a insegurança
alimentar pode ser detectada a partir de diferentes problemas como fome,
obesidade, doenças associadas à má alimentação, consumo de alimentos de
qualidade duvidosa ou prejudicial à saúde, etc.
De acordo com Vianna, em São José dos Ramos, no ano de 2005, 21% das
famílias apresentavam insegurança alimentar severa. Seis anos mais
tarde, em 2011, a porcentagem caiu para 8,6%. “Decidimos traçar um
diagnóstico aqui no Estado especialmente pela reconhecida situação de
pobreza de grande parte da população”, explicou. O grupo de estudiosos
conseguiu um novo financiamento em 2011 e voltou a dois dos 14 municípios visitados inicialmente para verificar se a situação tinha ou não melhorado.
Os municípios visitados em 2005 foram: Boqueirão, Queimadas,
Umbuzeiro, Aroeiras, Itabaiana, São José dos Ramos, Areial, Esperança,
Bananeiras, Cacimba de Dentro, Araruna, Nova Floresta, Bernardino
Batista e Picuí. Em 2011 o grupo retornou aos municípios de Nova
Floresta e São José dos Ramos. A escolha se deu porque essas cidades
foram selecionadas, em 2003, pelo programa Fome Zero, para receber os
benefícios.
O professor disse que as famílias que recebem o Bolsa Família nessas
cidades geralmente são as que apresentam maior grau de insegurança
alimentar. Segundo Vianna, durante o estudo foi possível observar que as
famílias que recebiam o benefício social apresentavam uma situação
melhor do que as que não recebiam.
Diante dessa realidade, na avaliação do professor, o impacto do programa é positivo.
Seis anos após a primeira análise, o grupo observou que as famílias
que receberam o benefício tiveram melhora na segurança alimentar. “Seja
diminuindo o nível de insegurança ou passando à situação de segurança
alimentar”, frisou. Além do recebimento do Bolsa Família, a participação
em atividades de produção de alimentos ou criação de animais, somado ao
aumento da renda familiar, também foram fatores que contribuíram para
essa melhoria.
Na comunidade do ‘S’, em João Pessoa, a reportagem encontrou duas
famílias que recebem o benefício. Uma foi a de Gerlane Barbosa, que tem
duas filhas e recebe mensalmente o valor de R$ 134 pelo Bolsa Família.
Ela disse que boa parte desse dinheiro é
usada para comprar alimentos. O restante, segundo ela, é empregado na
compra de remédios ou material escolar, quando precisa. “O valor é muito
pouco, mas ajuda colocar comida na mesa”, afirmou.
Na casa de Nadja Martins da Silva, que também tem dois filhos e
recebe R$ 134 pelo Bolsa Família, o benefício não é usado para a
alimentação, mas ela garantiu que o dinheiro é destinado a necessidades
dos filhos. “Só uso o dinheiro para comprar coisas para eles. Deus me
livre usar o Bolsa Família para outros fins”, declarou Nadja.
Com JPBOnline