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| UEPB |
Até o ano de 2012 a Paraíba tinha apenas 40,42% da sua rede de coleta de esgoto atendendo à demanda da população, número bem abaixo do índice de atendimento à água no Estado, que de acordo com o sistema é de 92,7%, segundo dados do Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento (SNIS), órgão ligado ao Ministério das Cidades. Essa baixa assistência provoca diversos problemas como poluição de rios e fontes, danos aos recursos hídricos e a vida vegetal e animal, além de prejudicar à saúde pública por meio de transmissão de doenças.
Segundo Simão Barbosa, gerente regional da Cagepa Borborema, a empresa conta com limitações para buscar alternativas para ampliar a rede de saneamento básico no Estado, mas destacou que tem crescido em algumas áreas, já que a Companhia de Água e Esgotos da Paraíba é responsável pela coleta e tratamento de esgotos em 28 municípios, o que de acordo com a Diretoria de Expansão corresponde a quase 800 mil pessoas com acesso ao esgotamento sanitário. “Nos municípios onde há o tratamento, nós conseguimos recuperar tudo que é coletado e transformar em água para consumo de animais e irrigação”, disse Simão.
Contudo, um projeto financiado pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), coordenado pela professora do Departamento de Engenharia Sanitária e Ambiental da Universidade Estadual da Paraíba (UEPB), aparece como alternativa para ampliar o alcance da rede de saneamento, e até universalizar o serviço. Para isso a proposta prevê a transformação dos tanques de tratamento de esgoto em locais de cultivo de microalgas. E é justamente a cultura dessas microalgas, segundo explica a engenheira química Weruska Brasileiro, que aparece como alternativa para transformar os efluentes poluidores que estão presentes no esgotamento em diversos produtos sustentáveis.
Segundo a pesquisadora, as microalgas são ricas em proteínas, lipídios e carboidratos, que cultivadas de forma específica possibilitam a extração dessas substâncias que podem ser utilizadas para minimizar o impacto de nutrientes como nitrogênio e fósforo que estão presentes no esgotamento de difícil remoção nas estações de tratamento de esgoto. “As microalgas são vegetais unicelulares fotossintetizantes que podem ajudar a otimizar o saneamento básico. Nos locais onde não há tratamento de esgoto, o cultivo das microalgas ajudam a minimizar a carga poluidora, já que onde não há tratamento, existe um risco muito grande de impacto ambiental nos lençóis freáticos e fontes”, explicou.
A pesquisa ainda aponta que o cultivo desses micro-organismos tem a possibilidade de proporcionar outras alternativas que poderiam custear o investimento na ampliação do saneamento básico no Estado. De acordo com Weruska Brasileiro, o cultivo das microalgas poderiam funcionar como peças fundamentais de um processo de geração de energia limpa e redutor dos males do efeito estufa. “Essa é outra fase de desenvolvimento do cultivo das microalgas. Com a universalização do saneamento, é possível, através principalmente dos carboidratos e lipídios presentes nestes organismos, poder obter diversos biocombustíveis, como biodiesel e etanol, por exemplo, o que favoreceria no próprio financiamento do investimento feito no saneamento básico”, acrescentou.
Com Givaldo Cavalcanti
