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Mesias Ramos |
Hoje o Cariri em Foco apresenta seu mais novo colunista Mesias Ramos. Formado em Sociologia pela UFCG, Mesias é natural da 'pequena notável' Coxixola e em sua coluna vai tratar de assuntos como: Cultura, Educação, Política e outros. Seja bem vindo!
Confira a coluna:
Atualmente no Brasil, muito se tem falado sobre Educação. Questionamentos e apreciações de diversas áreas do conhecimento - que estudam ou colaboram de alguma forma para esses diagnósticos - colocam na ordem do dia reflexões cuja análise crítica da realidade é pressuposto básico para se fazer uma “pesquisa” ou “observação” acurada do nosso sistema educacional.
Nos últimos anos, Coxixola tem sido destaque nos indicadores sociais como uma cidade que tem qualidade de vida aos seus munícipes. Seu Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) registrado no ano de 2010 é de 0,641 o que é considerado uma taxa média, se comparada a outros municípios paraibanos, ficando assim, entre os 13 munícipios mais bem colocados do estado (Fonte: FAMUP). Por outro lado, Coxixola apresentou no último senso demográfico (2010) uma redução de 35,2% de pessoas com renda domiciliar per capita abaixo de R$ 140,00 e sua população concentra cerca de 65,8% acima da linha de pobreza (Fonte: IDEME). Esses dados, ainda que insuficientes, mostram de forma rápida como a população do munícipio têm saído da pobreza, sobretudo nos últimos anos. Nesse sentido, busca-se então formular o seguinte questionamento: “Há relação de causa e efeito, entre pobreza e qualidade de educação?”.
No mesmo intervalo de tempo que essas pessoas conseguiram ingressar novas classes sociais, os números de matriculas na escola estadual e nas escolas municipais têm caído significativamente, como mostra o gráfico a seguir.
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Número de matrículas na rede pública de ensino. Fonte: IBGE
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Este percentual de alunos vem decrescendo nos últimos anos. Em contraposição, a população local, que no ano de 2000 era de 1.422 pessoas, aumentou para 1.771 habitantes em 2010. Mesmo com o crescimento da população e saída da linha da pobreza, tem decrescido o ingresso de alunos na rede pública. Esse quadro se agrava ainda mais, quando percebemos que o número de alunos que entram no ensino médio é significativamente menor em relação ao número de alunos que são inseridos no ensino fundamental. Por exemplo, das 323 pessoas que entraram no ensino fundamental em 2005, apenas 65 conseguiram ingressar no ensino médio cinco anos depois, ou seja, mais da metade dos alunos esvaem-se no período de ensino fundamental.
Outra variável do quadro educacional pode ser verificada através do Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (IDEB). Se pegarmos a nota da escola Manoel Honorato Sobrinho (A maior escola do município) no ano 2011 encontramos uma média de 2.8 (no ensino fundamental); nota esta, que nãoatingiu a meta esperada para a escola de 3.4. Se comparada aos anos anteriores, houve ainda um decréscimo significativo, pois em 2009 a nota chegou a 4.0 (Ano que alcançou o resultado esperado). Em resumo, a escola teve um infeliz desempenho em 2011, sem falar que a média nacional no mesmo ano para essa modalidade de ensino era de 4.1.
Diante deste quadro, podemos verificar que não há relação causal entre pobreza e qualidade de educação. Não se pode restringir a qualidade de educação tão-somente ao setor financeiro. Caso comprovado, é à saída de muitas famílias da linha de pobreza, contrapondo-sea uma expressiva diminuição de ingressos e permanência dos alunos nas escolas de Coxixola.
Por isso, o “sucesso educacional” é consequência de uma realidade “pluricausal”, por assim dizer, de modo que não podemos restringir a eficácia sob um ou outro aspecto isolado. Elementos como a contribuição dos pais, da família, das intuições sócio-políticas, dos professores, etc. devemestar entrelaçadas continuamente em “uníssono”, para que assim, todos aqueles que almejam uma boa educação ao município e ao país, possam urdir o mesmo “tecido da realidade social”.
Publicado em 28 de abril de 2014