Mais da metade dos alunos do 3º ano do ensino fundamental na Paraíba
(69,9%) não leem e não interpretam um texto de forma correta, conforme
resultados da 2ª Avaliação Brasileira do Final do Ciclo de
Alfabetização, a chamada Prova ABC. Os dados foram divulgados ontem pelo
movimento Todos pela Educação.
De acordo com o estudo, apenas 30,1% dos estudantes paraibanos
atingiram pontuação acima de 175, que indica desempenho adequado em
leitura. O 3º ano é a série considerada limite para a alfabetização,
segundo o Pacto Nacional pela Alfabetização na Idade Certa (Pnaic).
A avaliação segue a escala do sistema de Avaliação da Educação (Saeb)
e foi aplicada no final de 2012 , com a participação de 54 mil alunos
de 1,2 mil escolas das redes pública e privada de 600 municípios
brasileiros, entre capitais e cidades do interior. Além do domínio da
leitura, a avaliação testou também habilidades em escrita e Matemática.
Em relação ao desempenho em Matemática, a situação também é
preocupante. O estudo aponta que os estudantes do 3º ano não dominam as
operações básicas da Matemática (adição, subtração, multiplicação e
divisão). Segundo a pesquisa, 76,5% dos estudantes paraibanos não
atingiram pontuação acima de 175 pontos, o que indica aprendizado
inadequado para esta fase.
Outro dado preocupante mostrado pela Prova ABC são as desigualdades
entre as cinco regiões do país. Apesar de não configurar uma realidade
nova, pois já foram apontadas no monitoramento do desempenho dos alunos
de 5º e 9º anos do Ensino Fundamental e do 3º do Ensino Médio, através
Prova Brasil e do Saeb, o resultado da Prova ABC evidencia que as
diferenças regionais se apresentam desde o início da escolarização dos
estudantes.
Em leitura, por exemplo, todos os estados do Norte e do Nordeste apresentam desempenho abaixo da média nacional.
Em Matemática, alunos com defasagem idade-série das regiões Sul e
Sudeste têm desempenho equivalente à dos alunos não defasados das
regiões Norte e Nordeste. Ou seja, enquanto 44,5% dos estudantes tiveram
aprendizagem adequada em leitura no país (atingiram pontuação acima de
175 pontos), nos Estados do Norte e do Nordeste apenas 27,3% e 30,7%,
respectivamente, dominavam a leitura. Já a Paraíba registrou média
30,1%, ficando acima da média da região Nordeste, mas ainda abaixo da
nacional. Em comparação com os demais estados da região, a Paraíba
apresentou o 4º melhor resultado em leitura, ficando atrás do Ceará
(42,1%), Rio Grande do Norte (34,6%) e Pernambuco (32,9%).
Em relação a Matemática, apesar dos estudantes da Paraíba terem
conseguido o terceiro melhor índice de aprendizagem na região Nordeste,
apenas 23,5% conseguiu mais de 175 pontos na avaliação, mostrando
domínio nas operações básicas. No país 33,3% dos estudantes tiveram mais
de 175 pontos, enquanto a média do Nordeste foi apenas 18,1%. No
ranking da região, aparecem no topo Sergipe (27,3%) e Pernambuco
(24,4%).
Para a diretora executiva do Todos pela Educação, Priscila Cruz, os
dados mostram a urgência na implantação de políticas públicas com foco
na melhoria da qualidade do ensino. "Ainda estamos abaixo dos 50% em
leitura, escrita e matemática em relação a todas as crianças que
precisam e têm o direito de ter essas competências básicas nos três
primeiros anos do ensino fundamental", avaliou.
Segundo a diretora, a deficiência na etapa inicial compromete o
aprendizado das crianças nos anos seguintes. "O foco nos primeiros anos é
estratégico para a gente garantir o direito ao aprendizado mais na
frente. Se a gente não consegue corrigir isso no berço do problema, a
gente não vai conseguir avançar na educação", finalizou.
Para o secretario de Educação de João Pessoa, Luis Sousa Junior, o
resultado da Prova ABC mostra a necessidade de investir na formação do
professor. “O resultado da prova ABC não foge ao que já se encontrou em
outras avaliações, a exemplo do Ideb, Prova Brasil, entre outros. Os
Estados da região Norte e Nordeste apresentam desempenho entre 20 a 30%
abaixo dos Estados do Sul e Sudeste”, declarou, acrescentando que “o
resultado negativo no 3º ano, que encerra o primeiro ciclo de
aprendizagem, vai se refletir negativamente no futuro, certamente mais
adiante nós vamos ter problemas graves com alunos que vão precisar
aprender conteúdos de Física e Química, por exemplo, mas que não dominam
leitura e operações básicas de Matemática”, ressaltou.
O secretario disse ainda que “para reverter este quadro é preciso
investir em políticas públicas que proporcionem a melhoria da formação
do professor bem como ações específicas para a aceleração ou reforço do
aprendizado na idade certa”, concluiu.
A reportagem tentou contato, por telefone, com a secretária de Estado
da Educação, Márcia Lucena, para comentar os dados, mas não 0
Com Luzia Santo do JP Online/Portal Mec