Já virou tradição a corrida de Jegue
entre os moradores do povoado de Afligidos, no município de São Gonçalo
dos Campos, a 140 quilômetros de Salvador. A competição criada no sertão
da Bahia atrai cerca de cinco mil pessoas, muitas delas vindas de
outras cidades do estado.
No pacato vilarejo de três mil
habitantes, os curiosos se concentram para assistir à disputa. Os
corredores são conhecidos como “jéqueis”, em alusão aos adeptos do
esporte jóquei. Eles explicam que usam animais de todos os tipos,
“pés-duros” ou aqueles de raça.
"O pessoal fala que jegue pé-duro é aquele
sem caracterização racial. Ele é um animal que é da lida do homem do
campo no dia-a-dia. Ele serve para carregar água, carregar lenha,
farinha, mandioca. O de raça serve para expor, é um animal que
geralmente tem registro, serve para fazer cruzamento com éguas, geram
burros e é um animal de cela muito bom", explica Jaime, que esteve na
competição.
Seu Antônio Santos, da comissão
organizadora do evento, quer que a corrida se torne esporte olímpico. "O
nosso desejo é que a corrida de jegue seja incluída nas Olimpíadas de
2016 pelo Comitê Olímpico Brasileiro", sonha.
A competição é divertida e segue algumas
regras como, por exemplo, a proibição do uso de esporas. A inscrição só
pode ser feita depois que um fiscal verifica se o jegue não tem sinais
de maus-tratos.
Raimundo Brandão, criador da festa que já
está na 25ª edição, conta como tudo começou. "Era uma simples
brincadeira na fazenda, no período de São João. A gente recebia muitas
visitas, o pessoal montava e caía. Aí eu resolvi transferir de lá [da
fazenda] para aqui", lembra o organizador.
Quando o sinal é dado, os jegues disparam.
"Se a pessoa não for segura, derruba. Graças a Deus eu nunca caí", diz o
competidor Marivaldo Lopes. Depois de cinco baterias, o vencedor é
anunciado. O jegue Furacão é campeão pela segunda vez.
@CaririNews
Com Ascom/CL