Dia desses alguém me perguntava se Coxixola tinha escolas particulares, justificando que os alunos que dali vinham, de modo geral, eram esforçados e engajados com movimentos políticos e sociais – referindo-se, nesse sentido, aos Festivais de Arte e Cultura promovidos pelos estudantes. Num tom de brincadeira, respondi que era o “poder de uma geração”. Evidentemente, a resposta fora demasiado insuficiente e não corresponde com a verdadeira causa desse fenômeno – ou pelo menos não o responde em sua totalidade. Mas essa resposta me trouxe uma reflexão: em que medida as gerações influenciam a vida das pessoas?

Se voltarmos um pouco no tempo, podemos perceber que as gerações têm marcado inúmeros momentos históricos diferentes. Por exemplo, não se pode falar nas décadas de 60/70 sem lembrar-se do auge da MPB no Brasil, ou os anos 80 com o povo nas ruas na luta pela redemocratização do país. Esses eventos históricos já nos mostram de pronto dois elementos construídos histórico-socialmente, o gosto e o pensamento, cujo processo de constituição se dá numa época específica, logo, numa geração. Outros exemplos como movimentos literários, artísticos, culturais, “escolas de pensamento”, “de pesquisa”, etc. tem influenciado os rumos da história. Torna-se, assim, indubitável a ideia de que as gerações conduzem nossos modos de pensar e agir.

Numa perspectiva menos abrangente e mais específica, percebe-se que o grupo de jovens da igreja, da pelada no fim de tarde, do ônibus da escola, da farra no fim de semana, dos colegas de trabalho, etc. são fundamentais na condução de nossos gostos, paixões e volições. Segundo o sociólogo Émille Durkheim, esses grupos são imprescindíveis na manutenção duma ordem social - ou, usando sua expressão, de coesão social-, pois, são eles responsáveis pelo compartilhamento duma consciência coletiva, isto é, uma espécie de pensamento ou ética generalizada, comuns a uma determinada parcela da população que orienta, por sua vez, as ações desses indivíduos.

Por isso, a geração ou grupo social a que pertencemos terá incidência decisiva sobre todos nós durante a vida. Voltando ao episódio inicial, quando respondi que fora o “poder de uma geração” que marcou/marca nossas relações afetivas e sociais, eu justificava, involuntariamente, que uma geração marca de forma incisiva a vida de cada um que a compõe. É através dela que se responde à pergunta que é lema dos seres humanos dia-a-dia: “A que causa dedicar a minha vida?”.

Por Mesias Ramos

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