Após as medidas duras já em curso do governo Dilma 2 para tentar arrumar o rombo de caixa da União gerado por Dilma 1, agora são as famílias que precisam refazer as contas para manter o equilíbrio do orçamento doméstico e evitar um ano com saldo no vermelho.
Na prática, isso significa reduzir despesas e revisar o orçamento ou tratar de fazê-lo o quanto antes se não ainda tem essa prática. Nesta difícil tarefa, alguns planos para 2015, como viagens, reforma de casa ou compra de bens, já estão sendo adiados. Em João Pessoa, alguns pais já transferiram o filho de colégios mais caros para diminuir gastos.
Com o aumento da conta da água em quase 10%, o reajuste da gasolina em torno de R$ 0,30 por litro na Paraíba, a energia mais cara por causa do sistema de “bandeiras” e da crise energética vermelhas e o reflexo das compras escolares no cartão de crédito, o mês de fevereiro vai chegar mais “apertado” para os paraibanos. Pior. O aperto deste mês será apenas um ensaio para os reflexos da alta dos combustíveis e energia que serão repassados para os produtos como alimentos e serviços. A conta vai estourar novamente no consumidor.
Para lidar com o forte arrocho na economia, os trabalhadores têm de adotar estratégias que façam o salário render. Especialistas advertem que ainda dá tempo do paraibano “arrumar a casa”, mas para isso é preciso manter uma atitude preventiva. Diagnosticar a renda, cortar supérfluo, estabelecer objetivos de curto, médio e longo prazo, fazer compra consciente, buscar sites de orientação financeira e acompanhar de perto as mudanças na economia são indispensáveis para manter a harmonia do orçamento.
Atenta ao impacto das medidas do governo na receita doméstica, a telefonista Suzy Elady Atanásio da Silva, já adiou alguns projetos de 2015. Para incrementar a renda, ela também trabalha por conta própria, com a venda de peças de vestuário e calçado. “Planejava viajar para Pernambuco com o objetivo de renovar meu estoque de roupa e calçado para o Carnaval. Planejava comprar roupas de banho, camisetas e short. Mas, como muita gente está devendo, não tenho capital para investir no negócio”, lamentou. O pior é que os clientes da telefonista, antes fiéis aos compromissos, alegam que perderam o emprego ou não podem pagar as contas básicas de casa, por isso ficaram inadimplentes. No ano passado, João Pessoa encerrou ano com alta de 22% em contas atrasadas no SPC.
A telefonista ainda está no “aperto” para quitar as mensalidades da faculdade de administração, em João Pessoa. “Tenho que fazer e refazer as contas da faculdade para encontrar uma solução. Não pintei nem reformei a casa em dezembro. Pretendia fazer isso em janeiro, mas descartei. É muita coisa aumentando”, declarou.
A irmã de Suzy Elady também reclamou dos reajustes. Carla Viviane Atanásio da Silva é intérprete de libras e transferiu o filho Cláudio Henrique, de 9 anos , para outra escola da rede privada, na capital paraibana.
Segundo ela, na antiga escola pagava R$ 150 de mensalidade mais R$ 100 de transporte escolar todo mês. “Os livros eram muito caros e somando tudo ficava inviável. Este ano meu filho vai estudar na escola da tia, que dispensou a mensalidade. Os livros também são mais em conta e, como fica perto do meu trabalho, posso levá-lo de carro”, explicou.
A intérprete de libras confessou que há três anos não tem reajuste salarial e isso piora a situação da família. “Tudo sobe, gasolina, alimentos, conta de água, luz, mas o meu salário é R$ 849 há três anos”, desabafou.
'Raio X' das contas é 1º passo
O consultor financeiro e palestrante Erasmo Vieira afirmou que fazer um “raio X” das finanças é o primeiro passo para enxugar os excessos. É fundamental colocar no papel ou no computador quanto recebe e quanto gasta por mês e detalhar os gastos.
Esse passo é necessário para cortar os supérfluos e evitar o atraso do pagamento de contas que geram juros altos, pois elas minam a renda.
Anotar gastos é importante também para realizar o acompanhamento mensal do orçamento. Com as medidas da presidente Dilma de reajustar os tributos sobre a gasolina e o diesel (PIS/Cofins e da Cide) haverá um aumento em cadeia de outros itens, que serão repassados para o consumidor. A elevação do PIS/Cofins corresponde a R$ 0,22 por litro da gasolina e R$ 0,15 por litro do diesel a partir deste mês, mas o aumento será bem maior, pois outros custos vão entrar como a Pauta do ICMS, o frete das distribuidoras e margem de lucro dos postos.
A tendência é que o reajuste dos impostos sobre o combustível e da conta de energia impulsione uma reação em cadeia e proporcione alta de itens essenciais como alimentos e transportes. Por isso, ao fazer as compras nos supermercados vale adotar a velha e boa lista e pesquisar preços. “Se no supermercado tem que ter cuidado, muito mais atenção tem que haver na alimentação fora de casa. Este item tem prejudicado o orçamento de várias famílias”, revela Erasmo Vieira.
Entre as ações do governo que também impactaram na saúde financeira dos paraibanos está a elevação do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) no crédito para pessoas físicas, cuja alíquota dobra de 1,5% para 3% ao ano a partir deste mês. Dessa forma, o tomador de crédito, que pagava 1,88% ao ano, passará a desembolsar 3,38%. De acordo com a Receita Federal, o aumento renderá R$ 7,4 bilhões aos cofres da União. Por isso, mais do que nunca, é hora de controlar a busca por crédito. “Não é hora de fazer novos empréstimos. Esta opção pode ser tomada apenas se precisar liquidar dívidas que têm juros mais altos”, orientou Erasmo Vieira.
Com Jornal da Paraíba