O agravamento da seca no Nordeste levou a região a ter recorde de
municípios em situação de emergência em 2013. Por conta da estiagem
prolongada, considerada a mais intensa nos últimos 50 anos, três de cada
quatro municípios estão na situação excepcional e recebem apoio dos
governos estaduais e federal para abastecer comunidades.
Segundo dados da Secretaria Nacional de Defesa Civil, 1.332
municípios tiveram a situação de emergência reconhecida pelo governo
federal por estiagem ou seca, o que representa 74,2% de todas as cidades
nordestinas.
Outros dez municípios da região também decretaram emergência, mas por
erosão marinha ou problemas causados por chuvas, fechando a lista com
1.342 municípios.
Há situações também neste ano de municípios que decretaram emergência
por estiagem e enxurradas. Foram os casos de Iaçu, Itaquara e Santa
Luzia, todos na Bahia.
Em 2012, então recorde de decretos de emergência reconhecidos pela
Secretaria Nacional, foram 1.224 portarias entre os municípios do
Nordeste.
Estados mais atingidos
Percentualmente, o Ceará é o Estado mais afetado. Dos 184 municípios, 177 –ou 96% do total– estão em emergência pela seca.
Segundo o coordenador da Defesa Civil do Ceará, coronel Hélcio
Queiroz, o problema é a localização do Estado, que está praticamente
todo inserido na região do semiárido.
“Este momento é o mais crítico que temos, pois nossa estação chuvosa
acontece em fevereiro, março. Estamos agora no ápice da estiagem, com um
período natural sem chuvas. Normalmente em dezembro começam algumas
chuvas, mas são de baixa intensidade, insuficientes”, disse.
Queiroz afirma que a principal dificuldade do sertanejo é a
distribuição de água. “O Estado está com as reservas marcando 34%, em
média. Estamos com algumas ações, alguns poços têm conseguido suprir,
temos adutoras emergenciais, que ajudaram para que algumas municípios
saíssem do colapso de abastecimento”, explicou.
Já a Bahia é o Estado com maior número de municípios atingidos: 276 em emergência pela longa estiagem neste ano.
O coordenador da Defesa Civil da Bahia, Salvador Brito, afirma que a
situação neste ano está ainda mais preocupante que 2012. “Já estamos no
final de novembro, e a gente vê a situação está pior do que a do ano
passado. Em algumas regiões, como no oeste, não tivemos chuva ainda.
Isso está preocupando”, explicou.
Segundo Brito, algumas regiões tiveram chuva, mas em pouca
quantidade. “Onde choveu não foi suficiente para restabelecer a
normalidade. A nossa preocupação é que as previsões não são muito
animadoras. Estamos com uma operação estadual com 330 carros-pipa
atuando, fora a operação do Exército”, explicou.
Pior que 2012
Segundo o meteorologista Humberto Barbosa, mapas de satélite mostram que a seca está mais intensa em muitas regiões do Nordeste.
“A área atingida pela seca em 2013 é visivelmente maior do que a de
2012. Esse mapa também revela que áreas de degradação dos solos
aumentaram na região semiárida do Nordeste em função da seca prolongada
neste ano”, explicou, citando que a Bahia foi o Estado que mais viu
áreas degradadas pela seca crescerem.
Ainda de acordo o meteorologista, ainda é cedo para fazer previsões
sobre a quadra chuvosa de 2014. “Somente em meados de dezembro deve ser
feita a primeira previsão”, disse Barbosa.
Publicado em 27 de novembro de 2013