Segundo o neurologista Josenilton Henriques, apesar de parecer
inofensivo, este padrão de sono alternativo conhecido como sono
polifásico pode desencadear sérios problemas para o organismo. “O sono é
um período que o corpo utiliza para sintetizar substâncias necessárias
ao seu bom funcionamento. Quando ele é fragmentado ou mesmo subtraído em
longo prazo, o organismo se ressente da falta ou da carência de algumas
dessas substâncias vitais e isso se estereotipa em forma de doenças
físicas ou até mesmo mentais”, alerta.
Conforme ele, para que o corpo esteja revigorado por completo é
necessário que as horas de sono sejam cumpridas de forma plena. “O sono é
composto de duas fases: a primeira é a NREM (sigla em inglês para
Movimento Não Rápido dos Olhos) e a segunda é a REM (sigla em inglês
para Movimento Rápido dos Olhos). Para que o organismo se aproveite dos
benefícios oriundos do sono, é necessário que estas fases sejam
obedecidas na integralidade. Assim sendo, o indivíduo que dorme e acorda
várias vezes durante o sono, seja ele noturno ou diurno, está tendo
prejuízo de saúde, pois seu organismo não está conseguindo manter o
equilíbrio biomolecular necessário”, salienta.
Ainda de acordo com o médico, dormir à noite também é decisivo para a
produção de algumas substâncias importantes para o corpo. “O sono
diurno não tem o mesmo efeito reparador que o noturno, a não ser que o
indivíduo esteja em condições que simulem a noite. Isso se dá através de
um ambiente com pouca iluminação, temperatura menor e ausência de
barulho, pois estas são condições necessárias para a fabricação de
algumas substâncias, a exemplo da melatonina – também chamada de
hormônio do sono”, explica.
Para Josenilton, dormir de forma reduzida não causa danos ao
organismo se ocorrer esporadicamente e se forem respeitados alguns
limites. “Quando a subtração ocorre por pouco tempo – um plantão que o
indivíduo faz por conta da doença de algum membro da família ou por
conta de viagem com fuso horário diferente –, se essa necessidade for
suprida no dia seguinte, com certeza não resultará em maiores
prejuízos”, garante.
CANSAÇO DIURNO PODE SER INDÍCIO DE PROBLEMA
Quem se sente cansado mesmo após dormir uma noite inteira, precisa
ficar atento. Segundo Walter Moraes, este pode ser um sintoma de algum
problema relacionado ao sono. “Pode ser que essa pessoa necessite de
mais sono que as outras por causas genéticas ou pode ser que o seu sono
não seja reparador devido a algum distúrbio”, explica.
De acordo com Josenilton Henriques, as opções são variadas para quem
necessita de tratamento na área. “Se alguém chegar a apresentar algum
distúrbio do sono, deve procurar o médico. Atualmente, dispomos de
exames especializados como a Tomografia Computadorizada, a Ressonância
Magnética, o Eletroencefalograma, a Polissonografia, entre outros para
chegar ao diagnóstico correto e iniciar o tratamento”, cita.
“Esse tratamento vai desde a mudança de hábitos – usar a cama como
escritório, fazer exercícios violentos à noite, abusar de bebidas
alcoólicas e cafeinadas, etc. – até dieta, remodelação física e emprego
de medicamentos. Entre estas substâncias podem ser usados
antidepressivos, ansiolíticos, neurolépticos e hipnóticos, claro, sob
orientação e supervisão médica para evitar complicações futuras, como a
dependência ou o efeito rebote”, finaliza.
HORAS DE SONO IDEAL VARIAM ENTRE PESSOAS
A quantidade de horas de sono necessárias para o bom funcionamento do
corpo varia de pessoa para pessoa, mas o normal é que isso seja
determinado pela idade, é o que garante o neurologista Josenilton
Henriques. “Uma criança em idade escolar normalmente necessita de 10 a
12 horas diárias de sono, um adolescente diminui para 8 a 10 horas,
enquanto um adulto precisa de 5 a 8 horas”, enumera.
Como consequência disso, a tendência é que ao envelhecermos sintamos
menos vontade de dormir ou tenhamos sono em horários diferentes, como
explica o neurologista Walter Moraes, pesquisador do Instituto do Sono
da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp).
“Com o passar da idade, todos os ciclos circadianos – de temperatura, de hormônio – tendem a sofrer um achatamento e o mesmo acontece com o ciclo vigília-sono. Isso significa que nos idosos as características da vigília e do sono ficam menos diferenciadas. Por um lado, eles sentem mais sono no período diurno e por outro, menos no período noturno”, exemplifica.
Josenilton Henriques completa: “isto é facilmente compreensível,
visto que o organismo da criança é um organismo que está em
constituição, em crescimento e necessita obviamente de maior número de
reações bioquímicas e moleculares, e consequentemente, mais horas de
sono. Enquanto o do idoso já alcançou esse limite, está em equilíbrio e,
dependendo da faixa etária, em decadência”.
Com Jornal da Paraíba