A expectativa de vida do brasileiro, que em 2011 o Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) apontou ser de 74 anos, um
aumento de cerca de 3,6 anos em dez anos, é inversamente proporcional à
atenção hospitalar do idoso na Paraíba. Enquanto crianças, adolescentes e
adultos têm à sua disposição leitos específicos em hospitais, na
Paraíba nenhuma unidade médica oferece vagas específicas para pessoas
maiores de 60 anos.
De acordo com a Secretaria de Estado de Saúde (SES-PB), ao todo, a
Paraíba tem 25 hospitais administrados pelo governo estadual ou com
algum tipo de parceria, com um número total de 9.759 leitos. Contudo,
apesar da quantidade de internação de pessoas acima de 60 anos ter sido,
em 2012, de 10.331, esse grupo de pessoas ainda precisa dividir os
leitos com adultos, o que tem dificultado o acesso da população ao
serviço público de geriatria.
O gerente operacional da Atenção Especializada da SES-PB, Bruno
Bezerra apontou que “nos hospitais de gerência estadual não há leitos
específicos para idosos, uma vez que, na maioria são unidades gerais de
referência assistencial a todos os usuários da região. Dessa forma, se
contabilizarmos apenas os grandes hospitais, estão à disposição 2.187
leitos, sendo 1.760 deles para adultos, incluídos os idosos, o restante
são leitos de pediatria e obstetrícia”, destacou.
A dificuldade em encontrar um leito específico para o atendimento foi
vivenciada pelo aposentado Tarcísio Reis, 73 anos. Morador do bairro de
José Pinheiro, em Campina Grande, ele precisou ser internado por
apresentar um quadro de cirrose. “Eu passei por alguns hospitais até
conseguir uma vaga. Se houvesse mais leitos, ou especificassem o
tratamento para os idosos, como existe na pediatria, acho que eu poderia
estar me tratando melhor”, disse o aposentado, que está no Hospital de
Emergência e Trauma de Campina Grande.
Para Daniel Ferreira, médico geriatra, o envelhecimento da população
aponta para o desenvolvimento de políticas assistenciais que ofereça um
serviço de qualidade para quem precisa de uma atenção redobrada. Segundo
ele, são raros os profissionais em geriatria, ao mesmo tempo em que as
patologias mais desenvolvidas por este grupo de pessoas são vasculares,
diabetes, renais, o que leva ao tratamento com médicos especialistas
nesses segmentos.
“O ideal era que houvesse vaga para que os hospitais pudessem atender
esses pacientes em alas específicas. Mas a quantidade de leitos já é
mais uma dificuldade que precisamos enfrentar. A parcela da população
acima de 60 anos é considerável, mas ainda estamos precisando avançar
nessa questão”, disse o médico que ainda destacou que a Organização
Mundial de Saúde recomenda o desenvolvimento de estudos e pesquisas que
dirijam as ações a políticas públicas relativas à terceira idade, e não
em definir quantidade mínima de leitos nos hospitais.
Com JP on line
Givaldo Cavalcanti