Caros amigos, nos últimos dias tenho visto nas redes sociais certo bochicho sobre a Igreja Católica. Sendo mais preciso, sobre as riquezas da Igreja presentes principalmente na sede na Cidade do Vaticano. 
Isso de fato me inquietou e resolvi expressar minha opinião.

As riquezas presentes na Santa Igreja, fazem parte de uma forte tradição mais conhecida como zelo pastoral. Cabe aos católicos prezar pelos bens que têm, que vieram no decorrer da história sendo o grande sinal de uma dedicação extrema à uma instituição aceita por milhões de pessoas. O que temos hoje – livros sagrados, vasos sagrados, vestes sagradas, tronos, coroas e demais alfaias – são os símbolos de uma história longa e bem vivida por muitas pessoas. O detalhe é que tudo isso foi adquirido pela doação de inúmeras pessoas que conscientes de seus atos sabiam para quem estavam dando a sua contribuição. Os dízimos, as ofertas, espórtulas, óbulos e demais formas de doação dos católicos, são dadas com uma finalidade: manter as igrejas sempre organizadas, com um ambiente receptivo à reflexão e dar meios de sustentação às pessoas ali engajadas, como os sacerdotes e funcionários ligados a tais serviços. Cada pessoa que dá a sua oferta sabe para que está contribuindo.

No decorrer da história sabemos que tivemos muito colaboradores que nos revelaram a face caridosa de nossa Igreja. Tantas comunidades realizam gestos humanitários como doação de alimentos, roupas e até mesmo dinheiro para os institutos que acolhem a tantos necessitados. Em nossas cidades, as nossas paróquias são as grandes responsáveis pelas campanhas humanitárias. Os fiéis são convidados a levarem suas doações que depois são distribuídas aos mais necessitados sem escolha de religião. Cito como exemplo a paróquia que ajudo. Aqui temos a distribuição de cestas básicas e do sopão comunitário em dois dias da semana, atendendo a mais de duzentas famílias sem distinção. Sejam católicos ou não, todos vêm e são bem acolhidos. Assim como aqui – que citei porque a conheço – temos em muitos lugares movimentos católicos que lutam pelos que mais necessitam. Para isto, poderíamos aqui recordar de tantos institutos católicos, como conventos, mosteiros, asilos que trazem os nomes dos santos e são verdadeiros sinais de caridade. Tantos homens e mulheres de nossa Igreja se dedicaram de forma integral à caridade sendo colo para acolher os que mais sofrem. Um grande exemplo disso são as irmãs consagradas de inúmeras instituições que deixaram casa e família e passaram uma vida completa de entrega ao irmão.

O mais comentado entre os pouco entendedores da Igreja Católica, é o fato da tamanha riqueza presente no Vaticano, sede da Santa Igreja. De fato a riqueza é grande, mas por trás desta riqueza está o que citei no início deste texto, um valor histórico e doação de inúmeros simpatizantes e construtores de uma história de fé. Como citei em outros momentos, o que se adquiriu no Vaticano e nos grandes templos católicos foi feito de forma consciente por todos os que comungam dessa fé.

Tive o desprazer de ver em minha página no facebook uma postagem em que se questionavam quantas vidas não poderiam ser salvas, caso a cadeira que o papa estava sentado fosse vendida e o dinheiro doado aos pobres. Diante disto percebo até que ponto chega a ignorância. Como fazer um questionamento desses sem se quer saber um pouco de história da Igreja e sendo um verdadeiro desconhecedor de uma instituição de tão grande idade e tão complexa em significados.

Os senadores, deputados e demais homens públicos das nações são verdadeiros sanguessugas do nosso povo. Enquanto trabalhamos diariamente para nos manter, eles recebem seus salários da forma mais fácil possível. Enquanto nós nos matamos em filas de hospitais públicos dependo de um sistema de saúde caduco, eles têm plano de saúde. Ao mesmo instante em que a maioria dos nossos jovens e crianças se forma nos sistema de educação pública, os filhos deles se formam em escolas particulares. No final de tudo, não tendo capacidade para nenhum ofício, o que eles fazem? Compram um certificado, uma monografia, um diploma e os filhos dos pobres perdem a vaga que deveria ser deles.

Para a Igreja os católicos contribuem conscientes. A cadeira que o papa senta, as roupas que ele veste e as alfaias finas das igrejas de todo o mundo, são adquiridas por pessoas que quiseram dar a sua contribuição. Mas os ladrões da nação não. Eles ganham o dinheiro de quem não queria dar. Ao contrário do que acontece com as doações à Igreja nós, mesmo que não queiramos, damos dinheiro, pagamos as escolas, as faculdades, os atendimentos de saúde, as regalias que os políticos têm. A culpa das desigualdades sociais não está nos católicos, no papa ou em quem contribui com a Igreja, mas sim nos homens do poder que jamais se importaram com quem precisa de algo. Isso nós já sabemos, mas infelizmente há muita gente que em sua revolta social sai atirado para todo lado sem saber o que está fazendo. Temos que aprender a cobrar a quem de fato é devido.

Por Wellington Santos
Graduando em Filosofia pela UFCG
Colunista do Cariri em Foco

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