Por Welligton Santos

Aluno de Filosofia pela UFCG

Caríssimos leitores, quero hoje partilhar com vocês algo que está se passando aqui na cidade onde vivo, no município de São Sebastião de Lagoa de Roça, na região metropolitana de Campina Grande – PB. Bem próximo à cidade há um sítio denominado Manguape, que é considerado o maior de todo o território municipal. Lá reside um homem com cerca de trinta e cinco anos que nos últimos dias passou por uns determinados problemas de saúde e foi diagnosticada uma grave enfermidade que está atingindo o seu fígado e outros órgãos. Sua família já o conduziu aos hospitais de Campina Grande, mas o único hospital que pode recebê-lo para tratamento de tal doença é HU (Hospital Universitário). Mas para o desespero de seus familiares o hospital não comporta mais ninguém. É preciso que ele – assim como muitos – fique numa fila de espera, aguardando em casa que sejam chamados para serem internados. Enquanto isso a doença está se agravando cada vez mais.

Iniciei este artigo contando este relato, pois quero justamente chegar um mais um ponto polêmico de nossa administração. Hoje cedo fui ver o noticiário quando as apresentadoras do jornal começaram a falar sobre os investimentos que o governo brasileiro está fazendo em vista da realização da copa do mundo e das olimpíadas que acontecerão em 2014 e 2016 em nosso território nacional. São mais de R$ 20 bilhões de reais que serão colocados para a modernização de estádios, centros esportivos e tudo mais. É muito dinheiro!

O governo nos fala de que é preciso promover o lazer, e o esporte é o tipo de lazer mais escolhido por nosso povo. O povo brasileiro, vigoroso, cheio de energia para gastar. Mas aqui vai a minha repulsa. Como promover lazer, cultura, investimentos grandiosos em esporte se o básico não está sendo feito?

Respondam-me autoridades constituídas de nosso país! Como se tem a coragem, ou melhor a cara de pau de se apresentar diante de uma rede de televisão pra pronunciar os gastos que nossos cofres públicos terão com esses eventos, enquanto o mínino não está sendo realizado. Sabe qual é o retrato do Brasil? As imagens que vemos em nossas ruas são homens e mulheres pedindo esmola. São de crianças nos sinais de trânsito se arriscando pra conseguir dez centavos pra comprar um pão para levar pra casa onde está a mãe solteira ou doente sem ter como trabalhar. O nosso Brasil é marcado pela má educação. Professores recebendo pouco. Nosso país está cheio de pessoas que não têm o direito ao mínimo possível que é ter o que comer no seu dia-a-dia. O setor saúde do Brasil está falido. Autoridades! Tem gente morrendo nos corredores por falta de atendimento. Vocês com suas roubalheiras estão MATANDO PESSOAS. Vocês estão sujando suas mãos de sangue. Vocês estão tirando o pão da boca de uma criança.

Minha gente, a maioria dos brasileiros é fanática por futebol. Vão aos estádios para vibrar por um grupo de homens correndo atrás de uma bola. Eles contribuem para o enriquecimento dos grupos e dos jogadores. Um jogador famoso ganha milhões em um ano e um pobre trabalhador não ganha um milhão em uma vida toda de dedicação ao seu trabalho. É injustiça demais.

A presidente Dilma em seu discurso de posse falou que deseja terminar seu mandato tirando a classe de miseráveis da nação brasileira. Vemos que isso será impossível. O governo dela está marcado pela corrupção. Ela perdeu o controle do “trem”. Agora para completar, o Ministério do Esporte foi denunciado por corrupção. Isso já era de se esperar. Claro que eles vão aproveitar o auge da proximidade da copa do mundo para desviar muito dinheiro para o bolso deles. E mais uma vez lá se vai nosso dinheiro. Aquele dinheirinho que poderia ser investido na saúde pra salvar muita gente que fica minguando nos corredores dos hospitais esperando a morte.

Muitos me dizem que é uma perca de tempo está aqui falando essas coisas. Mas eu respondo a eles dizendo que perca de tempo é ser indiferente a tudo isso. Perca de tempo é fingir que não vê nada. Perderia meu tempo se eu me calasse ao ver uma mãe ou pai na rua chorando pedindo esmola pra dar de comer aos seus filhos. Perderia meu tempo se eu me contentasse em ver os políticos roubando meu e nosso dinheiro. Mas eu não me calo. Tenho discernimento para falar o que sensato. E enquanto Deus me dê sanidade aqui estarei gritando tentando conscientizar nosso povo. Pode ser uma luta sem fim, mas enquanto há vida, há esperança.

Cariri em Foco